domingo, 2 de setembro de 2007

Alexandre Lettnin | Ranhuras do Sensível | 05-09

"Através do uso da técnica da xilogravura, com sua economia de meios, encontrei a possibilidade de reorganizar as imagens que tenho “recolhido” do plano real. Trata-se de fragmentos visuais, impregnados em minha alma pela estética da cidade, que vou “colecionando” e gravando em pedaços de madeira, para logo serem re-organizados no ato da impressão - momento em que utilizo a repetição, a justaposição e o rebatimento de matrizes como elemento fundamental para a elaboração das imagens - acrescentando um novo conceito para cada obra. A característica natural de maleabilidade da madeira e a organicidade presente em seus veios também justifica a minha preferência pela técnica xilográfica que, me põe a procura dos diversos tipos de material a serem aproveitados em virtude das marcas que estes deixarão impressas no papel. Por este proceder acabo me aproximando daquilo que Claude Lévi-Strauss chamava de ciência do bricolage, “é sabido que o artista tem, ao mesmo tempo, algo do cientista e do bricoleur : com meios artesanais, ele elabora um objeto material que é também um objeto de conhecimento”. O manuseio com os materiais me ajuda a pensar, cada pedaço de tábua conta uma história através de suas ranhuras o que, somado à observação cuidadosa do meu entorno, me permitem a partir do mundo sensível, agir no mundo das idéias."

Alexandre Lettnin



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